
O mercado dos smartphones dobráveis continua a corresponder a um segmento de topos de gama, com as principais marcas a oferecerem modelos com as suas soluções, sejam eles em formato Flip ou Fold. A Motorola é uma das marcas mais antigas do mercado de telemóveis e a aquisição do negócio mobile pela Lenovo veio dar nova vida aos equipamentos, moldados à realidade atual, mais exigente e inteligente.
O Razr é um modelo clássico que tinha como principal característica a forma de concha, separando a área do teclado do ecrã, fechando de forma compacta quando não estava a ser usado. Um design que a Motorola tem explorado nesta linha para criar um verdadeiro dobrável em forma de Flip. O novo Razr 60 Ultra é o topo de gama com um design irreverente para competir sobretudo com os modelos Galaxy Z Flip da Samsung. Mas outras fabricantes alimentam o segmento, como o Xiaomi Mix Flip, o Oppo Find N2 Flip ou o Nubia Flip 5G, para referir alguns.
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Não apenas a Motorola equipou o Razr 60 Ultra com hardware de topo, como apostou num design com cores exclusivas, numa parceria com a Pantone. O novo modelo tem uma tampa traseira com um tom de madeira, em que a fabricante diz que utilizou mesmo esse material, nos quatro tons disponíveis da Alcantara, numa colaboração com famosa marca italiana. O seu design procura ser mais amigo do meio ambiente, na promessa de ter usado materiais reciclados, diminuindo a pegada de carbono. Para a análise, a Lenovo enviou o modelo com a traseira castanha, semelhante a uma tábua de madeira.
A madeira não apenas dá um toque de classe ao smartphone, como a sua superfície é agradável ao toque, fazendo com que o equipamento escorregue menos das mãos e claro, evita impressões digitais indesejáveis. Aliás, os dois ecrãs não são afetados pela gordura dos dedos mantendo-se limpo durante o manuseamento. Um ponto extremamente positivo.
Todos os rebordos e as molduras dos ecrãs têm um cromado dourado, acrescentando mais valor ao seu design premium. Os cantos do equipamento são arredondados, sendo igualmente agradáveis ao toque.

De salientar que o smartphone é acompanhado por uma capa protetora em pele, em tom creme que protege a traseira de madeira e ainda os rebordos das molduras aumentando ligeiramente a altura do ponto de contacto com as superfícies. A capa é muito fácil e rápida de meter ou retirar e tem ainda uma fivela dourada para pendurar num cinto ou fio, por exemplo.
Apesar da proteção adicional, senti que muitas vezes a capa era intrusiva, por não ser fixa na superfície do equipamento. Dada a natureza flexível do smartphone, a capa precisa acompanhar as dobras do ecrã e muitas vezes dei conta de a capa deslizar do sítio tapando os botões laterais.
O Razr 60 Ultra apresenta um ecrã exterior de 4 polegadas, ocupando toda a superfície da base, uma vez que a sua moldura é praticamente inexistente. O ecrã envolve inclusivamente a área das câmaras, ao contrário do Galaxy X Flip6 que tem uma área do ecrã mais limitado ao deixar as lentes de fora. Este ecrã conta com os dois sensores da câmara fotográfica principais e o LED do flash.
Veja na galeria fotos do Motorola Razr 60 Ultra
Aberto, o ecrã pOLED interior tem 7 polegadas, ocupando igualmente toda a área útil. Com este formato, a Lenovo não apenas oferece ecrãs com tamanhos generosos como o smartphone se torna compacto e resistente quando está fechado.
Infelizmente a dobra do ecrã é notória, não apenas o vinco feito quando está totalmente aberto, como se sente ao passar o dedo na experiência de manuseamento. É um problema comum a este tipo de equipamentos dobráveis, mas este modelo evidencia bastante, sendo necessário uma habituação para ignorar a textura do ecrã.
De notar que os anéis em torno dos sensores fotográficos são mais salientes que o ecrã, sendo o ponto de contacto quando se pousa numa superfície, caso não tenha a capa que protege o ecrã em redor.
O equipamento promete mais resistência a riscos ou possíveis quedas, uma vez que a fabricante utilizou tecnologia Corning Gorilla Glass Ceramic, que tinha prometido ser 10 vezes mais resistente a quedas que os modelos anteriores. Este é um tipo de teste que a redação do TEK não arrisca fazer, pelo menos de forma consciente, mas pegando no smartphone pode-se perceber que é robusto e resistente.

O ecrã externo já permite interagir com aplicações de IA premindo o botão dedicado a fundo. Além de outras aplicações gerais, como o Gemini, a consulta de mensagens, visualizar fotografias e o acesso à câmara fotográfica podem ser feitas sem abrir o smartphone. A Moto tem uma parceria com a Game Snacks, oferecendo um conjunto de jogos mobile jogados diretamente do pequeno ecrã externo e funcionam realmente muito bem, desde corridas de automóveis a clones do Puzzle Bubble.
Ferramentas Moto AI para tornar o dia mais produtivo
À boleia da inteligência artificial, o smartphone apresenta um canivete suíço de funcionalidades para ajudar os utilizadores nas suas tarefas do dia-a-dia dentro da pasta Moto. O conjunto Moto AI inclui ferramentas como o diário, que permite registar notas e pensamentos, seja em áudio ou texto, suportando a língua portuguesa.
Já o gravador de voz é uma ferramenta muito útil, aqui chamado de “Preste Atenção”, pois além de gravar o áudio faz a transcrição, igualmente em português de Portugal. Quando se prime play, o sistema vai sublinhando o texto em sincronia. Apesar de não ser perfeito, para tarefas com entrevistas ou conferências dá bastante jeito utilizar.
Existem outras funcionalidades de inteligência artificial e espera-se que a Motorola atualize o sistema com mais no futuro. Por exemplo, o Moto Unplugged é um modo zen, para os utilizadores encontrarem um equilíbrio para se desligar do “online”, com utilização inteligente. No entanto, senti mais falta das ferramentas de edição de fotografia por IA, nomeadamente apagar elementos indesejados como em outros smartphones da Google ou da Samsung. Ainda assim, tem um botão “mágico” para melhorar os contrastes automaticamente.

Gostei em particular da ferramenta de diário, o “Memorizar isto”, em que pode captar uma fotografia ou parte do ecrã, assim como introduzir uma nota de texto. O sistema criar uma anotação automática, com uma descrição da fotografia. Apenas tem de dar um título, sendo depois organizado. Para aceder ao histórico, basta deslizar o ecrã para cima, havendo uma aba que separa as aplicações do diário, onde tomou as notas de áudio e fotos.
Ao registar uma conta Moto AI pode aceder ao assistente inteligente sempre disponível no ecrã inicial e pedir resumos de notificações ou gerar conteúdos de IA generativa. São funcionalidades integradas no smartphone, que neste caso foi treinado pela Gemini Live da Google, segundo a resposta do próprio modelo. Recentemente foi anunciado que a Perplexity vai estar integrada na interface do Moto AI em futuros smartphones Razr, mas neste caso a atualização ainda não foi feita.
Hardware de topo no interior
Já se sabia que o Motorola Razr iria ter o mais recente processador da Qualcomm, o poderoso Snapdragon 8 Elite. Tem 16 GB de RAM LPDDR5X e 512 GB de armazenamento interno (mas pode optar pela versão de 1 TB). A bateria tem uma capacidade de 4.700 mAh, com mais eficiência energética otimizada pelo seu processador.
Durante o teste não houve problemas em manter o smartphone ligado durante todo o dia e ainda sobrar bateria para o seguinte. Mas o carregamento rápido a 68 W garante um “encosto” de energia em poucos minutos para durar várias horas. O sistema de carregamento wireless suporta 30 W, tendo ainda capacidade de inversão para dar energia a outros equipamentos.
Quanto às câmaras, mesmo não sendo o ponto mais forte deste equipamento, estas são competentes, captando imagens com boa qualidade, sobretudo em ambientes exteriores. O módulo é composto por um sistema triplo de câmaras de 50 MP. Tem um sensor principal, uma lente ultra grande angular e capacidade de super zoom, auxiliados, como disse pelos algoritmos de IA para melhorar a imagem.
Veja na galeria imagens captadas
A capacidade de zoom do equipamento não é muito boa. As imagens acabam desfocadas e sem detalhe e por isso, este não é um equipamento para captar imagens à distância. Já as imagens macros são bem mais detalhadas, distinguindo-se as texturas dos elementos, sobretudo quando captadas no exterior de dia e com boa iluminação solar.
Alinhado com as novidades de IA para corrigir imagens de outras marcas, vai poder usar as ferramentas para apagar elementos indesejados das imagens, semelhantes aos dos smartphones da Google e Samsung. Basta fazer um círculo em torno do elemento e voilá, este desaparece magicamente e sem deixar vestígio. Para tal terá de escolher a ferramenta Borracha mágica na aplicação da câmara fotográfica. A função é ideal para quando capta uma imagem e tem um pouco de lixo no chão que não reparou ou quando mete uma parte do dedo à frente da câmara ao segurar o smartphone.
Na gravação de vídeos pode gravar ou mesmo editar e ver os vídeos em formato Dolby Vision que melhora a imagem, acompanhado de Dolby Atmos. Diria mesmo que a capacidade de som deste smartphone é impressionante para o seu tamanho. Tem um som elevado, mas nítido sem destorcer, com boa “pujança” nos graves. O mesmo para ver filmes, clareando o som das vozes, realçadas dos sons de fundo.
Veja o vídeo
Isto deve-se aos ajustes inteligentes que o sistema Dolby Atmos faz aos conteúdos. Este identifica o tipo de conteúdo e ajusta-o para oferecer o melhor som, nos filmes, a ouvir música ou a jogar. Se pegar no smartphone na vertical, todo o som é projetado de baixo, mas se rodar o equipamento, este simula o som estéreo dos lados.
Com um bom equilíbrio entre o hardware e um design luxuoso, ferramentas de inteligência artificial práticas nas ferramentas do dia-a-dia, este Motorola Razr 60 Ultra pode ser uma opção bastante interessante para quem procura um smartphone dobrável, em forma de concha. O preço é de 1.299,99 euros, mais caro que o Galaxy Z Flip6 com características de memória semelhantes. Mas o modelo da Samsung tem o anterior processador Snapdragon 8 Gen3 e menos capacidade de bateria, custando pouco mais de 1.000 euros.
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